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Ouvimos sempre os alunos do curso reclamando de falta de motivação ou de inspiração. E acabam pedindo dicas de como superar essa dificuldade.
Eu mesmo já experimentei muitos momentos de desânimo. Tanto a falta de vontade de desenhar, quanto a frustração diante de um desenho muito complicado em que eu não estivesse conseguindo alcançar um bom resultado.
Não posso dizer que atualmente esse mal não me acomete. Estaria mentindo. Até hoje experimento sensações ruins que me fazem diminuir o ritmo e o empenho no desenho.
As distrações
Às vezes, é um trabalho muito complicado e que esteja levando muito tempo. Às vezes, a vontade de fazer outras coisas é mais forte. Como assistir um programa que eu goste, continuar a leitura de um livro, ou simplesmente ficar de bobeira e navegar pela internet. Enfim, são inúmeras as coisas que nos dão vontade de fazer bem na hora que deveríamos desenhar.
Em muitas ocasiões deixamos esses “pequenos prazeres” falarem mais alto. E deixamos de desenhar…
Ou simplesmente nos deixamos levar por afazeres domésticos, pequenos compromissos e obrigações. Ou queremos dar atenção a quem esteja à nossa volta.
Tudo isso é válido sim, não há como contestar. O problema é que, inconscientemente, podemos usar tudo como desculpas para não fazermos o que precisamos fazer.
E para um desenhista, o que precisa ser feito é justamente desenhar.
O propósito e a motivação para desenhar
Tanto para quem está chegando agora ao mundo do desenho realista e está querendo aprender a técnica, quanto para os que já desenham. ambos precisam de propósito.
Propósito é aquela certeza do que se quer. É um destino, um objetivo, um alvo.
Para isso, primeiro deve conhecer-se a si mesmo. Entender seus gostos, saber o que te motiva, o que te agrada, etc.
E assim começar a traçar um plano, a fixar um alvo.
O que as pessoas buscam
Alguns têm ambições que vão além de si. Querem mudar o mundo, querem que seu trabalho influencie outras pessoas, que sua arte seja maior que si mesmos.
Outros querem apenas desenhar para experimentar os momentos agradáveis e terapêuticos que o desenho pode proporcionar.
Outros, ainda, buscam a excelência. Se fascinam com o belo, se inspiram na capacidade de evoluir e produzir belas obras.
Seja qual for sua inspiração, ela deve ser genuína. Quer dizer, deve partir apenas de você. Deve refletir sua personalidade e lhe trazer satisfação.
Assim, enquanto estiver focado no processo, sentirá ânimo e disposição em percorrer o caminho. Mesmo que esteja difícil e o sucesso demore a vir. Pois o prazer estará no caminho e não na expectativa do resultado.
As dificuldades
Lembro-me de quando estava fazendo os primeiros desenhos realistas e desenhar cabelos era o que eu tinha mais dificuldade.
A mão não obedecia, os traços saiam cruzados e duros, o resultado final ficava opaco, pesado e sem “vida”. Até hoje estou pelejando para que fiquem mais realistas, mais soltos e suaves… Mais naturais.
Lembro-me da frustração que sentia ao tentar, tentar e não conseguir. Cada novo desenho ia bem, até chegar ao cabelo.
Em momentos assim, dava uma vontade de desistir e uma sensação de incapacidade.
Hoje vejo que eu realmente era incapaz naquele momento, mas em cada um desses momentos eu tinha uma decisão:
- Desistir e abandonar o desenho;
- Ou aceitar que eu não era bom o suficiente e treinar mais. Tentar aprender alguma técnica, pegar alguma dica de alguém mais experiente e praticar bastante os traços.
Enfim, quando se constata a sua incapacidade e decide superá-la, sua mente começa a buscar soluções, não desculpas para desistir.
O meu propósito era conseguir fazer desenhos realistas, como aqueles que me instigavam. E eu iria aprender, estava decidido!
A ação e a motivação para desenhar
Depois de saber o que se quer e de se inspirar, é preciso a decisão de agir! Apesar de teoricamente ser bonito, sabemos que na prática não é tão simples…
Inventamos mil maneiras de procrastinar, desculpas para não fazer, damos muitos nomes à preguiça na tentativa de mascará-la.
Invejamos os que alcançam sucesso ou obras excepcionais, mas não estamos dispostos a nos submetermos ao trabalho que levou tal pessoa a esse resultado.
Daí vem citações como: Essa pessoa teve sorte na vida. Esse cara é um gênio. Essa pessoa tem talento. Isso não é pra qualquer um.
Na verdade todas essas afirmações são uma forma de aliviar nossa responsabilidade. Mentindo para nós mesmos dizendo que não conseguiríamos alcançar tais proezas, por razões que estão além do nosso alcance.
É verdade que cada um tem suas limitações e que ninguém conseguirá ser um Leonardo Da Vinci. Cada indivíduo é único. Mas também é verdade que poderíamos ser muito mais do que somos. E no fundo todos temos que concordar com isso…
O que falta então? Falta ação, decisão, consistência, obstinação e busca pela excelência!
Nossa atenção e tempo são, em sua maior parte, aplicados em coisas que são apenas prazerosas, mas que não trazem crescimento. Nada que seja um projeto significativo de vida. Que traga realizações pessoais ou profissionais.
A isso dedicamos apenas o tempo que seja necessário e obrigatório para aliviar nossa consciência. Só que trabalho parcial traz resultados parciais também.
Os resultados
Concluímos que, para que haja bons resultados, tem de haver propósito e motivação, seguidos de ação.
Tendo propósito, quando faltar motivação, a melhor maneira de encontrá-la é trabalhando.
Ao pegar um exercício de desenho para fazer, ou um desenho complicado, mesmo sem vontade no início, fazendo você começará a se inspirar, a vontade virá.
Acompanhado de uma boa música e em um ambiente que te inspire, seu trabalho fluirá. E você não vai mais querer parar!
As horas passam e você nem as vê. Você fica em sintonia com seu trabalho, sente os materiais e a interação de sua mão com eles, frutos da sua compreensão e percepção. Tudo isso trabalha em conjunto trazendo o estado de flow — um estado de imersão total e de concentração que traz um sentimento de total envolvimento, sucesso e gratificação.
Foque em uma coisa de cada vez, as conquistas são diárias e os resultados não se dão do dia pra noite. Levam tempo e muito treino. Não basta apenas acreditar em seu potencial, se não persegui-lo com todas as forças, não sairá do lugar.