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As fronteiras entre arte e artesanato podem ser confusas. Se a arte compreende o domínio do “fazer”, poderíamos considerar o artista um artesão? Qual seria a diferença entre o trabalho de um artista e o de um artesão?
Para compreendermos o papel da arte, temos de estar cientes que houve uma crise histórica envolvendo teoria e prática, separando o fazer em artes mecânicas e artes liberais.
Arte com “A”
A Arte com “A” maiúsculo passou por um processo de distinção que a separou das atividades trabalhistas.
O trabalho era considerado nocivo de acordo com a doutrina clássica e intelectualista. Baseava-se em um sistema de divisão onde as artes liberais eram permitidas somente aos homens livres. E as artes mecânicas, desprezadas, eram cumpridas pelos escravos.
Durante o Renascimento (1300-1700) foi construída uma fundamentação teórica que retirou a arte da ligação com as artes mecânicas.
Nomes como Alberti, Piero della Francesca, Leonardo da Vinci e Vasari… Todos eles foram essenciais para o prestígio das três grandes artes do desenho:
- Pintura,
- Escultura e
- Arquitetura.
E as demais não foram consideradas como arte.
O desenho pertencia ao plano da ideação e o homem capaz de tal realização seria o artista, cuja capacidade de invenção era inspirada por Deus.
Posteriormente, Diderot contribuiria para a visão da arte como ligada indissoluvelmente a experiência sensorial, e o desenho como invólucro de uma ideia.
O artesanato
Tradicionalmente, a Arte é realizada em estúdios e ateliês. Enquanto a aprendizagem artesanal é realizada dentro de oficinas ou no âmbito comunitário como uma tradição familiar, usava-se a matéria-prima acessível à região.
O artesanato não está ligado a uma camada social em específico. É uma forma de produção e não um objeto resultante. Uma repetição por observação e imitação onde se aprende na prática.
O artesanato está ligado a objetos confeccionados manualmente em que é necessário o uso de ferramentas que constituem uma espécie de prolongamento do corpo. Abrange à relação homem e natureza, domínio técnico, empregando temas que marquem uma identidade cultural.
Quando houver o uso de máquinas, o lugar de trabalho constituirá uma oficina e quem realiza a transformação da matéria-prima em objetos será considerado artífice, e não um artesão. É o caso da indústria têxtil, manufatureira, popular ou caseira.
O artista
Segundo Gombrich, nada de fato existe a que se possa dar o nome de arte, existem apenas artistas.
A aprendizagem nunca tem fim.
As grandes obras artísticas parecem ter um aspecto diferente cada vez que nos colocamos diante delas e parecem ser tão inesgotáveis e imprevisíveis quanto os seres humanos.
A beleza de uma obra de Arte não se encontra na beleza do seu tema ou na técnica escolhida para sua representação. Gostos e padrões de beleza podem diferir muito. É importante frisar que, a partir da Revolução Industrial, novos códigos e linguagens surgiram abrindo a arte ao processo de mesclagem.
A história da arte não é uma história de progresso e evolução técnica. É uma história de ideias, concepções e necessidades em constante evolução. A arte está ligada à expressão, valores e sentimentos.
A criação de um objeto cuja finalidade é a contemplação. Através dela podemos exacerbar a realidade, dar forma ao desejo, ao sonho, a fantasia e a poesia.
Fonte:
- GOMBRICH, E.H. A História da Arte. Tradução: Álvaro Cabral. 16ª edição. Rio de Janeiro, LTC Editora, 1999
- CARAMELLA, Elaine. História da Arte – Fundamentos Semióticos: teoria e método em debate. Baruaru, EDUSC, 1998
- ANDRADE, Mário de. O artista e o artesão. 1938.
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