Verdaccio: O uso de cores complementares na pintura

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Muitas vezes ficamos surpresos ao ver um artista iniciar a pintura de um retrato com tons esverdeados. Nos perguntamos qual seria o motivo de empreender tanto tempo fazendo camadas com cores que não correspondem em nada à realidade.

Não seria melhor iniciar a pintura com as tonalidades que existem de fato na pele?

Você vai conhecer aqui:

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Verdaccio

O uso de uma camada verde na pintura se chama Verdaccio.  É uma técnica que surgiu durante a Renascença italiana.

Era usada em afrescos que são pinturas feitas sobre uma parede de gesso ou argamassa ainda fresca. E também têmpera, pintura onde a gema de ovo era usada para aglutinar os pigmentos.

Observe a tonalidade do quadro de Leonardo da Vinci, “Adoração dos magos”. É considerado um exemplo de perfeição da técnica verdaccio. O tom é mais terroso que esverdeado.  Isso porque as gradações de verde variavam de acordo com a localidade e tendiam mais para o uso do ocre.

Adoração dos magos – Leonardo da Vinci

Por que usar justo o verde?

A escolha do verde tem uma razão bastante simples. Verde é a cor complementar ao vermelho, e quando sobrepostas criam um efeito mais realista aos tons de pele.

Cores intensas como alaranjados e rosados podem ser aplicados porque serão anulados pelo verde e o resultado será mais natural.

Teoria das cores

Para compreender melhor tudo isso é importante saber um pouco mais sobre a teoria das cores.

As cores são um fenômeno físico relacionado à existência de luz. São ondas eletromagnéticas dentro de uma determinada faixa de frequência que podem ser captadas de acordo com a sensibilidade dos olhos.

Nosso cérebro decodifica a reflexão de luz vinda de um objeto. Essa percepção pode ser notada de modo diferente de pessoa para pessoa. Logo, a cor é um fenômeno físico, porém de caráter individual e subjetivo.

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As cores podem ser produzidas a partir de luz ou pigmentos. Cor-luz, como o próprio nome diz, são produzidas a partir da luz, como a emitida por monitores, lanternas ou televisores. As cores químicas serão feitas a partir de substâncias que possuem corantes em sua composição.

A cor possui três propriedades: tom, valor e intensidade. Tom, matiz ou tonalidade são sinônimos e se referem à cor em si. Valor tonal, luminosidade ou brilho estão relacionados à gradação de luz ou sombra que a cor possui. Saturação ou intensidade será a vivacidade ou palidez de uma cor.

As cores primárias são o vermelho, o amarelo e o azul. E não podem ser feitas pela mistura de outras cores. As cores complementares são as que se localizam nos opostos do círculo cromático. Veja na imagem abaixo:

Underpainting

Quando se inicia uma pintura, são usadas camadas semitransparentes, chamadas em inglês de underpainting. Nela, se realiza um estudo dos valores tonais de uma referência. Dessa forma, é possível ter uma percepção melhor da composição e usar cores que irão auxiliar a um resultado mais realista.

As cores mais comuns em underpainting são os tons de verde (Verdaccio), mas também podem ser usados tons acinzentados (técnica Grisaille) ou castanho avermelhado (técnica Bistre). Alguns artistas apenas estabelecem os valores nesta etapa, enquanto outros preferem realizar uma pintura detalhada como se fosse o resultado final desejado. As camadas posteriores com uso direto de cor serão chamadas de overpainting.

Atualmente tons intensos como o verde oliva são usados na pintura a óleo. A técnica verdaccio também pode ser transposta para técnicas secas, como a pintura a pastel. Um exemplo é o artista Cuong Nguyen.

 

A escolha das cores na pintura não é aleatória, obedece a um critério que visa a um maior realismo. A construção da imagem pode iniciar com tons verdes, cinzas ou amarronzados dependendo da técnica escolhida e está longe de ser uma perda de tempo.

A percepção das cores não é igual para todos, pois está relacionada à sensibilidade física de cada um a determinada frequência de ondas eletromagnéticas. Cada indivíduo irá perceber e sentir as cores de forma diferente, o que torna essa assimilação um fator pessoal e subjetivo.

 

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